Vasectomia e Reversão de Vasectomia
Vasectomia
Os espermatozóides são produzidos nos testículos e conduzidos para os canais deferentes até chegar na uretra, onde são expelidos na ejaculação. A vasectomia consiste em impedir essa circulação de espermatozóides através de um procedimento cirúrgico, impedindo a gravidez. É realizado em homens que não querem mais ter filhos.
O procedimento é realizado com anestesia local e o médico retira um fragmento de cada um dos dois canais que levam os espermatozóides dos testículos ao pênis. O procedimento leva de 15 a 20 minutos e não há necessidade de internação hospitalar, podendo ser realizada no próprio consultório médico.
- Método seguro para evitar a gravidez;
- Não é necessário interromper o ato sexual;
- Cirurgia bem mais simples que a laqueadura de trompas femininas.
Muitos homens pensam que após a vasectomia vão ter impacto e alteração na vida sexual ou que possam causar distúrbios ejaculatórios e de ereção, mas isso não acontece. A vasectomia torna o homem estéril, mas não interfere na produção de hormônios masculinos nem em seu desempenho sexual.
O corte acontece apenas no canal que permite a chegada dos espermatozóides até a uretra, os nervos e vasos sanguíneos responsáveis pela ereção do pênis não estão envolvidos na cirurgia de vasectomia. O líquido produzido na próstata e na vesícula seminal continua sendo eliminado normalmente durante a ejaculação.
É importante lembrar que mesmo com a cirurgia, alguns espermatozóides ainda continuam vivos dentro do canal por um tempo, por isso é necessário utilizar métodos contraceptivos por 60 dias após a cirurgia. Em alguns meses, o sêmen (líquido que é ejaculado durante o ato sexual) não conterá mais espermatozóides, impossibilitando a gravidez.
No Brasil, a esterilização cirúrgica está regulamentada por meio da Lei nº 9.263/1.996 que trata do planejamento familiar, a qual estabelece no seu artigo 10º os critérios e as condições obrigatórias para a sua execução. De acordo com a legislação, somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações:
I – em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;
II – risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos.
- Para realização da cirurgia é necessário o registro da expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes.
- A legislação federal estabelece, ainda, que em vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges.
- Não é permitido a esterilização cirúrgica feminina durante os períodos de parto ou aborto ou até o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores.
Reversão da Vasectomia
Aproximadamente 4 a 6% dos homens que realizaram vasectomia voltam a manifestar o desejo de ter filhos. Nesses casos, a reversão da vasectomia é possível na maioria das vezes. Porém, muitos casais desconhecem que existe a reversão de vasectomia ou ainda acreditam que somente podem ser revertidas vasectomias com menos de dois anos.
A cirurgia consiste na religação (anastomose) dos canais deferentes que conduzem os espermatozoides, os quais foram interrompidos na cirurgia de vasectomia. Como os deferentes possuem diâmetros pequenos, ou seja, o diâmetro interno do deferente é na ordem de décimos de milímetro, a reversão da vasectomia necessita do emprego de microscópio cirúrgico, fios e instrumentais de microcirurgia.
A microcirurgia é realizada com o auxílio de um microscópio e fios cirúrgicos extremamente finos que permitem a junção das partes que foram desconectadas. Por ser uma cirurgia minuciosa e delicada, a reversão necessita de tempo cirúrgico maior que a vasectomia, geralmente de três a quatro horas.
Apesar da possibilidade de reversão, nem sempre o tratamento apresenta sucesso adequado, pois alguns outros fatores estão envolvidos, como por exemplo, o tempo decorrido entre a reversão e a vasectomia, idade da parceira, experiência e treinamento do cirurgião. De forma geral, podemos apontar que após 10 anos da vasectomia a taxa de sucesso diminui consideravelmente.
Sendo assim, se a reversão da vasectomia for bem-sucedida, pouco a pouco, os espermatozóides voltam a estar presentes em abundância no sêmen, com percentuais de:
- 79% dentro de três meses após a cirurgia.
- 96% de quatro a seis meses.
- Taxas normalizadas em 99% no período de sete a 12 meses.