HPV e outras ISTs

As Infecções  Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são causadas por vírus, bactérias e outros microrganismos transmitidos por meio do contato sexual, sem uso de preservativo masculino ou feminino. O urologista atua no diagnóstico e tratamento dessas doenças e na orientação a respeito dos métodos de prevenção para manter uma vida sexual saudável. No caso do HPV, existem mais de 100 tipos e alguns podem causar câncer.

HPV

Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais comum, acometendo cerca de 20% da população. O HPV (Vírus do Papiloma Humano) é uma infecção que atinge os órgãos genitais e possui mais de 100 tipos que se dividem em potencial para causar câncer ou apenas lesões. A transmissão acontece através da relação sexual e o período de incubação é longo, ou seja, a pessoa pode ser infectada e os sintomas aparecerem meses ou anos depois. É uma doença que pode ser transmitida de mãe para filho durante o parto.

O HPV pode passar despercebido pois não apresenta sintomas, a menos que seja um tipo que causa verrugas genitais. As verrugas genitais podem aparecer dentro de semanas ou meses após o contato com um parceiro portador de HPV.  Essas verrugas são uma pequena protuberância na região genital, podem ser pequenas, grandes, planas ou com aspecto de couve-flor. As verrugas não se transformam em câncer, se não tratadas podem desaparecer, manter o tamanho ou aumentar e se multiplicar.

Como não apresenta sintomas, a maioria das pessoas não descobrem que estão com HPV e geralmente o próprio sistema imunológico elimina a infecção de HPV. Porém, em alguns casos as infecções não são eliminadas e ao longo dos anos podem provocar câncer. 

O diagnóstico do HPV é realizado através de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão:

– Lesões clínicas (verrugas aparentes): podem ser diagnosticadas, por meio do exame clínico urológico (pênis), ginecológico (vulva/vagina/colo uterino) e dermatológico (pele).

– Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu): podem ser diagnosticadas por exames laboratoriais, como o exame preventivo Papanicolaou (citopatologia), colposcopia, peniscopia e anuscopia, e também por meio de biópsias e histopatologia para distinguir as lesões benignas das malignas.

O tratamento tem como objetivo eliminar lesões visíveis, não combatendo lesões subclínicas, podendo o vírus permanecer latente e reaparecer com novas lesões em períodos de déficit de imunidade. Remoção de lesões visíveis não exclui risco de transmissão por lesões latentes. O tratamento pode ser químico, cirúrgico e estimuladores da imunidade. Podem ser domiciliares com medicações de uso tópico (local) ou em ambientes hospitalares, como cauterização, laser CO2, nitrogênio líquido, dependendo da orientação do urologista.

É sempre recomendável utilizar a camisinha durante todo o contato sexual, inclusive o sexo oral. Porém, é importante ressaltar que cerca de 20% das lesões são extra-penianas, como vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal,  portanto, o contágio ainda pode acontecer.

Atualmente, existe a vacina de HPV disponibilizada pelo SUS que é indicada para meninas de 9 a 14 anos, pessoas com HIV e pessoas que passaram por transplante na faixa etária de 9 a 26 anos.

Herpes Genital

Herpes genital é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pelo vírus Herpes simplex tipo 2. A transmissão é feita por meio de relações sexuais em que ocorre contato com o líquido proveniente de lesões.

Os principais sintomas que podem surgir em homens e mulheres são:

  • Bolinhas vermelhas ou cor-de-rosa na região genital que se rompem após cerca de 2 dias, liberando um líquido transparente;
  • Pele áspera;
  • Dor, queimação, formigamento e coceira intensa;
  • Ardência ao urinar ou dificuldade para urinar.

Os sintomas podem demorar entre 2 a 10 dias para aparecer, porém nem todos contaminados apresentarão sintomas e continuarão transmitindo através de relação sexual sem proteção. Sempre que existir suspeita de infecção com herpes genital, procure um um ginecologista, no caso da mulher, ou um urologista, no caso do homem, para iniciar o tratamento adequado.

O tratamento deve ser indicado pelo urologista e  envolve o uso de medicamentos antivirais. É recomendável ficar sem relação sexual durante o período de tratamento.

Sífilis

A Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, apresentando várias fases de evolução. A transmissão pode ocorrer através de relações sexuais seja vaginal, anal ou oral. A sífilis pode ser transmitida através da relação sexual e de mãe para filho durante a gestação. É dividida em sífilis primária, secundária, latente e terciária, sendo durante a sífilis primária e secundária a maior taxa de transmissão.

Os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com cada estágio da doença, que divide-se em:

Sífilis primária:

  • Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias. Geralmente, essa lesão não dói, não coça, não arde e não tem pus;
  • Aparecimento de ínguas (caroços) na virilha.

Sífilis secundária:

  • Os sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial;
  • Podem ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés;
  • Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.

Sífilis latente:

  • Não aparecem sinais ou sintomas;
  • É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção);
  • A duração não é definida, podendo variar de acordo com o aparecimento de sintomas característicos da sífilis secundária e terciária.

Sífilis terciária:

  • Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção.
  • Costuma apresentar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Cancro Duro

É uma pequena lesão que pode aparecer na região genital ou anal que é indicativo da infecção da bactéria Treponema pallidum, microrganismo responsável pela sífilis. O aparecimento do cancro duro corresponde à primeira fase da sífilis.

Os principais sintomas do cancro duro são:

  • Pequeno caroço rosado que pode evoluir para úlcera;
  • Bordas elevadas e endurecidas;
  • Centro da lesão mais claro;
  • Presença de secreção transparente;
  • Caroço não dói ou causa desconforto.

O diagnóstico do cancro duro é realizado durante exames ginecológicos e urológicos de rotina, em que durante o exame o médico identifica a presença do caroço. Para confirmar o diagnóstico pode ser feita uma raspagem para avaliar a presença da bactéria e o exame de sífilis, conhecido como VDRL.

O tratamento é feito com uso de Penicilina injetável, cuja dose e duração deve ser definida pelo urologista de acordo com os resultados dos exames, é importante realizar o acompanhamento durante e após o tratamento.

Dr. Valter Cassão

Urologista pela USP

CRM 129443

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